Realismo em Hegel, Idealismo em Marx? Parte VI (Ideologia e previsão)

2.     Marx e os “acidentes meteorológicos”

2.1. Ideologia e previsão

Talvez não seja preciso encher novas páginas para esmiuçar os inegáveis acertos do aparato crítico da filosofia marxista. Contudo, ali onde ela se pretendia fazer mundo, cumprindo um de seus princípios programáticos, ela falhou: Marx previu revoluções socialistas na Alemanha e na Inglaterra, e eis que elas sucederam (ou ao menos o arremedo delas) na Rússia e na China. O que deu errado com a previsão?
Tempestades anunciadas podem irromper antes ou depois do aprazado, ou podem decepcionar (ou aliviar) os que a aguardavam, surgindo na forma inefetiva de chuva inofensiva. Mas quando o vaticinado ocorre noutra latitude, tratou-se de fato de uma previsão? Não é objetivo deste estudo propor uma explicação para tal malogro. Trata-se de tentar diagnosticar alguns dos elementos da teoria marxista que não encontraram amparo na realidade histórica contemporânea ou posterior a Marx, apontando algumas possíveis razões para tanto.
De saída, propõe-se aqui interpretar os equívocos marxistas como erros ideológicos: Marx, ele próprio, também padeceu suas ilusões e racionalizações ideológicas. Buscar identificá-las é caminho interessante, inclusive, para futuras propostas renovadoras da exegese de seu pensamento. A ideologia talvez tenha custado a Marx seus erros de previsão.

Obviamente, a noção Marxista de ideologia se identifica à de discurso da classe dominante. Mas aqui se descerá mais ao cerne da idéia: à ideologia enquanto discurso escamoteador da realidade. Neste sentido, cada classe ou instância social poderá, em tese, apresentar a sua idealização da realidade, quiçá por razões diversas. É o que se buscará apontar a seguir.

Parte VII: http://paragensfilosoficas.blogspot.com.br/2013/09/realismo-em-hegel-idealismo-em-marx_5355.html

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